Em memória a Cecília Luz ( *1931 † 2011)

Fundo do livro
"A Cidade do Salvador nos seus 454 Anos"

O livro foi o primeiro lançado por um aluno da Uati, fruto do interesse despertado na autora, por um trabalho de pesquisa sobre a história de Salvador passado pela professora Aldamira Ferreira. Professora primária aposentada, D. Cecília se encantou com o material recolhido e, durante dois anos aprofundou sua pesquisa, entrevistando pessoas idosas e dirigentes de entidades, percorrendo bibliotecas, recolhendo fotos e recortes de jornais e revistas, que resultaram num painel da primeira capital do Brasil.
 

Nascida, criada na Liberdade - o bairro que concentra a maior população negra de Salvador e berço de projetos como Ilê Aiyê, Muzenza etc – D. Cecília tem em sua história de vida todas as dificuldades e percalços que podem ser enfrentados por uma mulher negra e pobre, que ao ficar viúva com oito filhos, opta por viver da minguada pensão (hoje um salário mínimo) e ainda retomar os estudos interrompidos pelo casamento aos 16 anos de idade. 

Ao se aposentar, em 2000, D. Cecília não gostou de ficar parada e se matriculou na Universidade Aberta à Terceira Idade, pois achava que ainda tinha muito por aprender. E tinha mesmo, pois seu entusiasmo por História começou a partir de um exercício sobre sua própria vida, quando escreveu um livro autobiográfico. Em seguida, uma pesquisa sobre seu bairro, a Liberdade, viraria livro também. “Sequei as pernas de tanto andar e pesquisar no bairro, descobri tanta coisa que fiz um livro, de modo que esse sobre Salvador já é o terceiro”, conta com boas risadas, pois as dificuldades da vida não afetaram sua alegria e bom humor. 

Os dois primeiros livros nunca foram publicados e, por incentivo da professora, a pesquisa sobre Salvador começou a tomar forma. “Publicar um livro para mim era um sonho distante, não tinha recursos. Só consegui porque muitas pessoas ajudaram, como a professora Alda, que me orientou; minha amiga Maria de Lourdes Purificação, que colaborou com material e ilustrações e o Crisney (namorado da neta) que digitou o texto”. 

Durante o Encontro com o Escritor com João Teixeira Carlos Gomes (20/04), D. Cecília gravou um depoimento  para o vídeo institucional sobre os 200 Anos da Biblioteca e falou sobre a sua obra.

D. Cecília faleceu em 26 de maio deste ano, no Hospital Santa Izabel.