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Foto: Juliana Neri / NBV |
Inclusão social e acesso ao conhecimento. Estes foram os dois temas que nortearam o debate de abertura da 5ª edição do projeto Primavera da Inclusão, realizado ontem (17/09), no Quadrilátero da Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
Mediado pelo pedagogo e deficiente visual João Prazeres, o evento discutiu possibilidades de viabilizar o acesso do deficiente ao livro, leitura e pesquisa. “O tema requer um debate amplo e ações coletivas. É muito importante que nos articulemos em eventos como este, para retomar as discussões e podermos avançar no que se relaciona a melhorias para o segmento”, explica a diretora da Biblioteca Pública, Ivana Lins.
Durante o debate, as principais dificuldades dos deficientes auditivos, relacionadas ao acesso ao estudo, pesquisa e serviços, foram destacadas por Gercineide Campos, representante da Associação Educadores Sons no Silêncio (AESOS). “Realizamos um trabalho representativo ligado a literatura para ajudar na compreensão, sobretudo de deficientes que estão na faculdade. Mas, infelizmente, não temos uma fábrica de intérpretes, para poder ajudar a quantidade de surdos que nos procuram, principalmente por falta de preparo dos profissionais que prestam serviços” afirma.
A professora e psicóloga paranaense, Isaura Furtado, foi conferir o evento para aumentar sua rede de contatos na área e destacou a importância da disseminação de informações acerca das dificuldades sofridas pelos portadores de deficiência. “É de extrema importância que as pessoas em geral tenham conhecimento sobre as especificidades dos portadores de deficiência e principalmente não confundam deficiência com ineficiência.” diz.
Cristina Gonçalves, representante da ABACI, reforçou a preocupação com as necessidades especiais de cada deficiência e a luta por políticas públicas de inclusão social e cultural para seus portadores. “Temos que estar em ambientes onde sejam definidas políticas públicas. A acessibilidade só se fará plena quando tivermos acesso a tudo, e não somente a rampas e pistas táteis”, enfatiza Cristina, que é cega.
“O conhecimento liberta, mas é necessário acesso, principalmente porque a sociedade não consegue nos ver com transversalidade e plenitude”, completa Cristina Gonçalves que também é atriz do grupo “Noz Cego”, formado por deficientes visuais, usuários do Setor Braille da Biblioteca.
O evento tem como objetivo celebrar a chegada da estação das flores e o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorados em 21 de setembro. Ainda ontem, a partir das 14h, o palco do Espaço Xisto Bahia recebeu a Apresentação Coletiva Especial de Artistas, com os grupos Cia Opaxorô (APAE), APADA, CEEBA e os coreógrafos Ninfa Cunha & Déo Carvalho. Após as apresentações foi aberto um bate-papo com a plateia sobre o fazer artístico dos deficientes.
A programação do projeto Primavera da Inclusão se encerrará no dia 27 de setembro, às 15h, no Setor Braille, com o Festival Tocante Primavera, que apresentará recitais de poesia, música e esquete com o Grupo de Teatro Noz Cego, além de grupos de dança.
Texto: Leonardo Barbosa (ASCOM/FPC)